FENASERA participa do encontro nacional de comissões da verdade de sindicatos cutistas

A Fenasera participou de parte dos trabalhos do Encontro Nacional de Comissões da Verdade dos sindicatos cutistas, realizado nos dias 29 e 30/01, na Casa Jesuítas Brasil, em Botafogo, Rio de Janeiro. Presentes ao encontro, os dirigentes da Federação e também do Sinsafispro (sindicato da categoria no RJ), Moisés Muniz Araújo e Adjarba Dias de Oliveira avaliaram como positivos os debates, que tiveram como objetivo reabrir a discussão envolvendo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, finalizado em dezembro do ano passado. Representantes de várias entidades sindicais fizeram proposições (confira abaixo as principais).

Todas as moções serão encaminhadas para discussão no âmbito do Grupo de Trabalho “Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e Trabalhadoras e ao Movimento Sindical”, visando a continuidade das discussões para alteração do Relatório final da Comissão Nacional da Verdade, extinta em dezembro de 2014 mas que se pretende, com empenho e mobilização de todas as Centrais Sindicais, a reorganização daquela Comissão e a inclusão dos atos de arbítrio contra os sindicatos e aos trabalhadores, durante os anos de 1963 a 1986.

Vale registrar a participação no encontro da ex-integrante da Comissão Nacional da Verdade, na qualidade de Comissária, Maria do Rosário, como também de Jana Silverman, da AFL-CIO, Central Operária voltada às questões dos trabalhadores das Américas, e, ainda, do ex-senador Geraldo Cândido, do PT-RJ.

PRINCIPAIS PROPOSIÇÕES

- Manter permanente intercâmbio com os sindicatos que tenham em suas bases Comissão Estadual da Verdade, para troca de material que caracterize atos de repressão a trabalhadores;

- Criar mecanismos para que sejam responsabilizadas as empresas que deram apoio à repressão;

- Divulgar e incentivar aos sindicatos para que contem sobre as histórias de casos de trabalhadores da categoria que sofreram com atos da ditadura;

- Ampliar os documentos obtidos nos arquivos das Centrais, buscando parcerias com as universidades para a compilação de mais documentos;

- Conscientizar os trabalhadores de que a questão dos Direitos Humanos é uma questão de direito dos próprios trabalhadores, já que muitos sofreram com o período da Ditadura nos seus direitos;

- Pedir uma prorrogação ou reativação da Comissão Nacional da Verdade, considerando que o seu relatório final não contemplou muitos fatos envolvendo os trabalhadores nos períodos de organização sindical e de greves;

- Solicitar justamente essa reativação da CNV porque o relatório é impreciso e está incompleto, considerando que o corte se deu entre 1983 e 2008 e não levou em consideração os períodos anteriores do golpe militar;

- Esclarecer por meio de ações da comunicação sindical que o entendimento de que a anistia beneficiou os dois lados foi uma falácia, explicando aos trabalhadores a exata noção do que foi a anistia;

- Criar incentivos para que os prédios que serviram como casas de tortura do regime sejam transformados em Centros de Memória, bem como lutar para que sejam alterados nomes de ruas, monumentos e edificações com homenagens a militares, servindo as memórias dos que tombaram lutando contra o regime.